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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sistema Econômico e a Nova Era - Continuação

Por Walder Antonio Teixeira

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O Conceito de Propriedade

Assim como o conceito de empresa foi atrelado ao conceito de liberdade (livre iniciativa) que no fundo se traduz em liberdade para explorar o trabalho dos outros, o conceito de propriedade também ficou atrelado ao principio de liberdade. É preciso que na Nova Era seja resgatada a idéia da função social da propriedade. O que quer dizer isso? Vou dar um exemplo:
Viajei para uma cidade pequena para passar um fim de semana tranqüilo, cachoeiras, mato, etc. Como estava pensando muito em economia na época, comecei a observar as coisas do ponto de vista econômico. Vi os silos de armazenagem de uma grande multinacional da área de alimentos. Grandes propriedades usando técnicas “modernas” de agricultura, mecanização, adubos químicos, etc. Mas o que mais me impressionou foi a cidade, ou melhor, os limites da cidade. A cidade estava toda cercada (cercas mesmo) pelas propriedades. Ela não teria mais por onde crescer. Sua população que não trabalha no comércio está quase totalmente desempregada. Uma boa parcela da população vive na pobreza. Conclui que o que eu estava enxergando era o lado negro da tal globalização.
O que está acontecendo neste local? O que acontece é o seguinte:
Primeiro – Estas grandes fazendas empregam máquinas e não seres humanos, três ou quatro empregados são suficientes para operar os tratores e colheitadeiras.
Segundo – Estes grandes proprietários produzem para a exportação e não para atender ao consumo local.
Terceiro – As grandes fazendas vendem para a multinacional que estoca os alimentos em seus silos, esperando o melhor momento para repassar a mercadoria e não assumindo risco nenhum.
Quarto – Estas fazendas, usando monocultura, adubos químicos, herbicidas e pesticidas, estão contaminando o meio ambiente e as fontes de água.
Quinto – Provavelmente, os grandes proprietários nem moram na cidade. Talvez, nem no mesmo estado. E podem até viver em um outro país, sem nem sequer conhecer a região.
Sexto – O prefeito deve depender de ajuda desses proprietários para se eleger. Na verdade, dinheiro para a campanha e para dar camisetas e cestas de alimento aos desempregados. O prefeito também tem nas mãos verbas de programas federais com o qual pode fazer caridade em troca de votos.

Poderia continuar enumerando os problemas, mas o que interessa é entender esse lado da globalização:
Em uma situação em que o prefeito não pode fazer políticas públicas como assentamentos, casas populares, etc. por falta de espaço, a população desempregada teria de criar suas próprias soluções. Mas como? Fazer agricultura de subsistência e trocar alimentos com os vizinhos sem um pedaço de terra, por menor que seja, é muito difícil. Criar uma cooperativa de artesanato? É difícil dizer o que pode funcionar com opções tão limitadas.
Mas quando um grupo decide se organizar e invadir terras, todos, sem exceção: mídia, políticos, empresários, classe média urbana, ricos, religiosos, apelam para o direito à propriedade. Ninguém mais consegue enxergar a legitimidade que uma comunidade tem de usar o espaço onde vive da maneira que for melhor para eles. O direito de quem vive longe e se diz dono é maior do que o direito do nativo do lugar. Responda-me: Se o povo da cidade invadir uma dessas fazendas a polícia e o prefeito ficarão do lado de quem?
Agora você pode ter uma idéia do porque que os neoliberais pregam o estado mínimo. Um estado tão pequeno que não chega a fiscalizar, que não tem tempo de discutir causas sociais. Um estado que não investe em educação apenas investe em segurança. Mas segurança de Quem? Ou para quem?
A propriedade deve ter também sua função social. O cidadão não pode tornar-se prisioneiro de sua cidade natal, onde ele só é visto como um voto útil.
Este lado da globalização trouxe problemas sérios para as comunidades. O cidadão que não quiser viver na cidade é livre para sair, ele não é um prisioneiro de fato, mas suas opções são ficar ou ir para as favelas das grandes cidades. Este cidadão não é cidadão é gado, ou pior, pois gado dá lucro e é bem tratado, vacinado, etc. Esses cidadãos são os verdadeiros donos da terra, pois eles vivem nelas, ou melhor, a terra não é de ninguém, a vida (animais e plantas) não deve ter dono e a comunidade deve zelar e utilizar as suas riquezas de uma maneira sustentável.
Como mudar isso?
Primeiro criando leis que obriguem as propriedades a não fugirem de sua função social, criando leis que garantam direitos geográficos para a população. Dar prioridade ao mercado interno e deixar para o mercado externo apenas o que sobrar. Criar políticas públicas de inclusão social e de sustentabilidade.
Segundo, mexendo no conceito de democracia. Este nosso sistema de venda de votos, de não participação da população, de impedir a criação de pequenos partidos, de influência do poder econômico sobre o poder político tem de ser mexido. Este é o tema a seguir:



O Conceito de Democracia


Quando se fala de política a primeira coisa que vem a nossa mente é a palavra corrupção. Na verdade nossa sociedade criou o pior dos mundos em termos de política. Existe uma rede de distribuição de orçamento que abrange desde a prefeitura até o governo federal. É uma rede que faz lobby para pegar partes do orçamento federal e estadual para os municípios. Esses recursos orçamentários são repassados conforme os interesses políticos e financeiros que são feitos com acordos entre o governo central e os municípios. Finalmente a verba é repassada para as empresas prestadoras dos serviços, empreiteiras etc., que por sua vez financiam as campanhas eleitorais. Nada mais é do que uma grande feira de verbas públicas. Dá-se a isso o nome de democracia.
O simples ato de votar não constrói uma verdadeira democracia. Uma democracia é muito mais que o ato de votar. A eleição em nosso país é apenas uma festa feita para parecer que o povo decide alguma coisa.
Isto está em nossa cultura a muito, desde os tempos das capitanias hereditárias. É a cultura da centralização do poder. É a cultura do controle absoluto. É a cultura da venda de favores. Estamos tão acostumados com essa cultura que criticamos os políticos e nunca criticamos o sistema político. A verdade é que ninguém pensa em mudar o sistema.
Mas o que, exatamente, está errado?
O problema é que estamos tão distantes do poder, que ele não nos interessa mais. Deveria haver uma reforma política que aproximasse o cidadão comum do poder, da decisão. Exemplos:
- Você conhece os representantes de seu bairro na assembléia?
- O seu bairro tem representantes na assembléia? (voto distrital)
- Você conhece ou decide quem vai ser o delegado do seu bairro?
- Você conhece ou pode decidir quem vai ser o Juiz de direto de sua cidade?
- Se você quisesse se candidatar nas próximas eleições, você acha que teria acesso dentro de um dos partidos existentes?
- Quais são as chances que você teria se quisesse criar um partido? Você acha que teria sucesso com a legislação atual?
- Mesmo que você conseguisse ser um pré-candidato dentro de um partido, Quais seriam as chances entre você e um grande empresário?
- Por que você não vota sobre o valor do salário dos políticos?

Ao responder as perguntas acima é que você percebe o quanto está distante do poder, tão distante que quando chega o tempo das eleições, os partidos lhe dão um cardápio pronto, e você só tem direito de escolher entre o ruim, o péssimo e o pior ainda. Todos eles já comprometidos com o poder econômico, que é quem realmente manda neste mundo.
Não fique preocupado por não ter parado para pensar nisso antes. É que temos uma mídia muito eficiente, que nos lava o cérebro constantemente.
Para mudar o sistema político é preciso mexer na constituição. No entanto a nossa constituição é de 1988 e até hoje existem leis complementares que não foram votadas.
Será que teremos de esperar o nosso sistema financeiro e o nosso sistema político se desfazerem para podermos modificar alguma coisa?

Precisamos procurar por soluções!

Nossa civilização usa meias-verdades, usa dois pesos e duas medidas. Vou dar um exemplo:
Em um programa de entrevista, um repórter perguntou a um famoso líder do movimento dos sem-terra o porquê deles terem invadido as obras de uma usina de energia. O líder respondeu que a usina não fez um programa de assentamento para a população que vivia onde o lago da usina iria inundar. O repórter dizia que eles não tinham o direito de invadir as obras de uma empresa privada, ou seja, uma propriedade privada. Mas eu pergunto: E as propriedades dos moradores, as casas que seriam inundadas sem programa de assentamento? Todos perderiam suas propriedades. Porque a propriedade de uma empresa tem mais direitos que várias propriedades de pessoas? Porque essa população não teria o direito de defender as suas casas? Esta é a nossa mídia! Este é o nosso país!

Mas e as soluções?
Realmente não consigo pensar em soluções sem, automaticamente, pensar em socialismo (palavra proibida). Mas usar a palavra socialismo hoje em dia é arriscado, você pode ser acusado de ser retrógrado, de usar idéias ultrapassadas, etc. No entanto vários países da Europa usam uma combinação de socialismo com capitalismo. No entanto, várias medidas que os países mais ricos do mundo usaram para abrandar a crise de outubro de 2008, foram medidas que países socialistas tomariam.
Ao contrário do comunismo da antiga URSS que produziu um socialismo centralizado que buscava controlar tudo por meio de um partido único. Eu acredito em um socialismo descentralizado, em um poder local mais forte, com cooperativas, organizações sociais e também com empresas, além de uma política multipartidária.
Em uma nova era é preciso buscar a fraternidade, o crescimento espiritual, o crescimento científico e a cultura. A economia e a política devem estar lado a lado com estes princípios.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sistema Econômico e a Nova Era

Sistema Econômico e a Nova Era
Por Walder Antonio Teixeira


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Parece que a mídia e os mecanismos de controle de nossa civilização nos tiraram a capacidade de enxergar as coisas como elas realmente são. Teríamos que sair dela, da civilização, e talvez tenhamos que ir a outro planeta para poder observar a terra e ver a verdade. Vou dar um exemplo: Abro a folha de um jornal e vejo a seguinte notícia:
“Governador vai baixar os impostos e atrair novas empresas para o estado. Elas gerarão muitos novos empregos”.
A manchete soa como algo notável. As palavras “baixar impostos” agradam nossos ouvidos. A palavra “emprego” nos dá um tom de dignidade a frase. Para ler a verdade precisamos passar a frase anterior por um tradutor. Alguém ou algo que possa interpretar e que esteja além de nossa época ou além de nossa dimensão. No entanto, acho mais fácil educar a nossa mente para entender e traduzir o que se passa, pois nossa mente pode ir além do tempo e do espaço.
Traduzindo a frase ficaria assim:
“Governador vai baixar os impostos, mas apenas para as empresas. Isso somado a uma massa desempregada que ficará contente com um salário de fome que mal dá para sobreviver (escravos), atrairá as empresas de fora para o nosso estado. Vindo aqui nestas condições elas terão lucros maiores. Em troca o governador quer o apoio delas (empresas) para se reeleger no próximo pleito”.
Essa nossa falta de entendimento não existe à toa, ela foi criada pela mídia, pelo sistema educacional e pelo sistema econômico. É preciso tirar os óculos de cego que nos puseram, para podemos enxergar um pouco mais além.
Coloquei esta introdução, para dar um choque inicial, e nos prepararmos para mexer nas feridas da civilização. Onde ninguém tem coragem de mexer ou falar, ou sequer discordar. Os espiritualistas dizem que não se envolvem com coisas materiais falam da nova era, mas nunca tratam de como ela vai funcionar economicamente. Todos em nossa sociedade criticam a todos, querem que a corrupção acabe, querem mudar muitas coisas, mas quando se tratam das feridas, todos, sem exceção se calam.

Que feridas são essas?

Elas são três e são a verdadeira fonte dos problemas e também o caminho para as soluções:

1 - O conceito de empresa.
2 - O conceito de propriedade.
3 - O conceito de democracia.



O Conceito de Empresa

O conceito de empresa, como nós o conhecemos hoje, teve início na idade média. Não vou trazer detalhes ou fazer pesquisas sobre o assunto, pois este não é meu objetivo. Mas junto com o surgimento das cidades (burgos), apareceram dois tipos de atividades: o comércio que deu primeira imagem do que viria a ser a empresa de hoje e as atividades profissionais, que deram origem as corporações de ofício. As corporações de oficio poderiam ter evoluído para a forma de interação que encontramos nas cooperativas de hoje, mas não foi o que prevaleceu.
A forma apresentada pelo comércio foi a vencedora na competição de como viria a ser a nova estrutura econômica do mundo ocidental. O comércio cresceu até formar as grandes companhias na época do mercantilismo de das grandes navegações.
O fato de o cooperativismo não ter emergido como forma triunfante de organização econômica, se deve em minha opinião, a própria estrutura do feudalismo e depois do absolutismo. No cooperativismo todos são iguais e tem participações iguais, já na estrutura empresarial a participação depende do capital ou cotas de cada um. Embora as sociedades anônimas exijam certa democracia em relação às cotas, a companhia limitada é o próprio feudo.
Isso mesmo! A empresa é o feudo evoluído. É a manifestação do desejo do burguês que não nasceu nobre em ter o seu próprio reino.

“Eu também quero ser rei”

A empresa herdou várias características do feudo:

- Passa de pai para filho;
- o órgão financiador é seu suserano e o empresário se torna seu vassalo;
- o patrão é o senhor de seus empregados, pode mandá-los embora, pode dar aumentos, etc.;
- os empregados têm alguns direitos, assim como os servos também tinham;
- assim como o patrão, o senhor feudal também ficava com os lucros deixando para os servos apenas o suficiente para viver;
- as guerras contra outros feudos podem ser comparadas com as brigas de empresas concorrentes;
- a marca da empresa é a bandeira ou escudo do senhor.

Poderíamos colocar várias páginas comparando uma coisa com a outra, mas o importante é saber que o empreendedor de hoje é movido por um desejo:
“Quero deixar de ser escravo! Quero deixar de ser servo! Quero uma vida mais digna”.

É um desejo autentico, é um desejo legítimo, mas não é o caminho da Nova Era. Deixar a senzala para se tornar dono de escravos, ou investir na carreira para se tornar feitor (executivo), não é o caminho para um mundo novo, para um mundo melhor. Alguns dizem que só trabalham com as ações e não interferem nas decisões internas das empresas, mas muitas dessas ações carregam o karma do trabalho semi-escravo em outros países, o karma da poluição, o karma da destruição das florestas, etc.

Qual seria, então, o caminho para um empreendedor antenado na Nova Era?
Em uma era de fraternidade, de preocupação com o meio ambiente e de amor ao próximo, não haverá espaço para a exploração, a cobiça ou o armazenamento de riquezas que é um fruto do medo do futuro. A melhor maneira de se organizar a produção, o comercio e os serviços, será o cooperativismo, mas um cooperativismo diferente. Um cooperativismo onde todos têm participação por igual, tanto nas decisões de assembléia quanto na divisão dos ganhos, do faxineiro ao executivo. Se isto já existe, eu não sei. Se isto vai funcionar, eu não sei. Mas a cooperativa até o momento é a melhor opção para o conceito de empresa.
Empresa, como nós a conhecemos agora, será coisa do passado. E isto não significa que ela deva deixar de existir. A nível de comércio exterior entre países a empresa pode ser uma boa solução, mas o seu capital não será propriedade de pessoas ou de grupos. Suas ações pertencerão a federações e confederações de cooperativas, e seu lucro será usado para criar benefícios para a sociedade e para as cooperativas.
Por que cooperativas e não ONGs ou Fundações?
O conceito de ONG e de Associações está sendo totalmente desvirtuado. Empreendedores inescrupulosos usam essas associações sem fins lucrativos para não pagar imposto, receber doações, ter facilidades em fazer negócios com o governo. O lucro que não é permitido por lei, é transferido através de comissões e altos salários nos contratos dos projetos para pessoas devidamente escolhidas. Através do estatuto da entidade eles criam artigos que dão direito de voto apenas aos sócios fundadores e os sócios beneméritos. Assim, uma associação funciona como uma empresa privada cuja diretoria sempre será a mesma ou será nomeada sempre pelo mesmo grupo. Eles ainda são capazes de aceitar doação de pessoas bem intencionadas, mas mal informadas. Esses criminosos são piores que os empresários, porque os empresários pelo menos fazem um jogo aberto.
Existem muitas entidades sérias, ONGs, fundações, associações, etc. O governo é que deveria ter formas de controlar, criando normas sobre os estatutos e vigiando o funcionamento de sua democracia interna.
Mexer no conceito de empresa e em quem controla o capital é algo muito difícil, pois, a guerra fria ocorreu justamente por isso. A terceira guerra mundial, a guerra fria entre o Ocidente e a União Soviética, que começou antes do termino da primeira guerra mundial em 1917 e terminou com a queda do muro de Berlim em 1989 com a vitória do Ocidente, ocorreu simplesmente por causa disso. Foi o conflito entre duas formas de organizar a economia, uma comandada pelo estado e a outra comandada pelas corporações multinacionais (empresas) tendo como escudo os EUA.
Podíamos discutir muitas outras coisas, como: Por que as empresas multinacionais não pagam impostos a ONU quando exploram os recursos naturais em águas internacionais? Por que o neoliberalismo quer um estado mínimo? No entanto, quero falar mais de Nova Era. Em uma era de fraternidade, eu visualizo uma estrutura econômica formada por cooperativas, empresas cujo capital pertence às cooperativas e associações, e empresas estatais para fornecer os serviços públicos essenciais. Isto tudo é claro, até que apareça uma idéia melhor ou um conceito melhor.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Aquecimento Global IV

Possíveis Soluções Energéticas

“Energias alternativas”, esse foi o nome que a mídia achou mais adequado para as energias limpas. Por quê?

A palavra “alternativa” embora não significasse, virou sinônimo de paliativo, de opção momentânea, ou mesmo de uma segunda ou terceira opção. Assim, a indústria do petróleo não corria o risco de alguém pensar em sua substituição. Isso no passado, atualmente as corporações estão achando muito interessante as outras formas de obtenção de energia, apenas para dar uma sobrevida ao petróleo.

A solução ideal para as grandes corporações de energia, seria um modelo que teria uma fonte inesgotável, difícil e cara de produzir, para que ninguém com pouco capital pudesse produzir em pequena escala. Essa solução usaria a mesma estrutura de distribuição existente, portanto, as mesmas empresas continuariam operando. O único modelo possível dentro do que o ser humano conhece, atualmente, e que se encaixaria nesses requisitos seria a fusão nuclear associada ao hidrogênio. Reatores de fusão nuclear gerariam eletricidade tanto para o consumo direto como para produzir hidrogênio para os automóveis. Mas seria esta a solução ideal em termos sociais? Em termos de distribuição de renda? Em gerar oportunidades para o pequeno produtor ou empreendedor? Com certeza não é. Além do mais, tanto a fusão nuclear quanto o hidrogênio precisam, ainda, de muitos anos de pesquisa.

A meu ver, as soluções mais interessantes, para um novo modelo de civilização (uma civilização sustentável), estão relacionadas com hidrelétricas, usinas eólicas, usinas solares, força das ondas e das marés. Para a movimentação de veículos, talvez, uma combinação de sistemas de transporte coletivo sobre trilhos (elétrico), etanol e/ou hidrogênio para veículos leves conforme as características econômico-climáticas de cada país. Tudo seria produzido em milhares de pequenas usinas que forneceriam para a demanda local criando empregos no interior, distribuindo renda, incentivando o pequeno produtor, redistribuindo geograficamente a economia.


A Energia Solar

A energia solar é uma das soluções mais interessantes do ponto de vista da geração de energia elétrica.

Para o aquecimento de água, ninguém discute a utilidade da energia solar, pois já está bastante difundida, inclusive comercialmente.

Mas, quando se fala em energia solar para gerar energia elétrica, dois problemas sempre vêm à tona em qualquer discussão:

1 – Só temos energia durante o dia.

2 - As células fotovoltaicas são semicondutores e possuem alto custo de produção.

O primeiro problema pode ser solucionado se considerarmos uma usina de energia solar como complemento de outras usinas. Por exemplo:

Uma usina solar associada a uma hidrelétrica pode ser muito interessante. Durante o dia a hidrelétrica pode diminuir a vazão desligando uma parte de suas turbinas, pois teria o complemento de energia fornecida pela usina solar. Durante a noite a hidrelétrica voltaria a usar todo o seu potencial. Esse processo economizaria a água que poderia faltar em épocas de seca. É justamente na época da seca que temos o sol disponível por mais tempo. Teríamos com isso uma maior segurança no fornecimento de energia, prevenindo possíveis apagões que podem acontecer em longos períodos de estiagem.

O segundo problema, ou seja, o alto preço dos painéis fotovoltaicos será solucionado com o tempo. O preço diminui a medida que aumenta a demanda, ao mesmo tempo a eficiência dos dispositivos fotossensíveis vem crescendo.

Pouco se fala em uma outra opção: A tecnologia Termosolar para gerar eletricidade. Um conjunto de espelhos reflete a luz do sol para um determinado ponto onde a água ou outro fluído entram em estado de ebulição. Pode-se, através disso, gera-se energia elétrica quando a luz do sol concentrada, aquece esse fluído até o ponto de fervura, para em seguida o vapor mover uma turbina que por sua vez move um gerador elétrico.

Este tipo de dispositivo também não fica barato: Tanto por causa dos espelhos como pelos motores acoplados a cada espelho que fazem os espelhos se moverem acompanhando o movimento do sol. No entanto, com o esgotamento das novas possibilidades de utilização de hidrelétricas e com a subida do preço do gás combustível, essas soluções tornam-se economicamente viáveis.

Este tipo de tecnologia é chamado de tecnologia termosolar. A tecnologia termosolar para geração de energia elétrica é na verdade uma máquina a vapor, ou melhor, uma turbina a vapor.

Não faz muito tempo uma nova patente de matriz de espelhos foi registrada por um americano. O dispositivo funciona como uma antena parabólica que usa diversos espelhos que concentram a luz do sol em um foco. Essa ‘antena’ usa um único motor para mover todo o conjunto e acompanhar o caminho que o sol faz no céu. Esse dispositivo aquece um fluído em vez de aquecer a água.

Na Austrália uma empresa chamada “Enviromission” (procure o site da Enviromission
www.enviromission.com.au na internet e poderá acessar um vídeo) tem o projeto de construir uma torre solar. Essa torre possuirá um quilometro de altura. Em um círculo de um quilometro de diâmetro coberto por plástico transparente, o sol penetra e aquece o ar como em uma estufa. O ar quente que é mais leve tende a subir indo para o centro do complexo onde está a torre e com isto move 32 turbinas antes de subir pela torre. A capacidade de geração de tal complexo é de 200 Mega Watts. Nas bordas da imensa capa de plástico existem piscinas em que a água absorve energia do sol de dia e libera a noite, formando um fluxo de ar adicional para gerar energia no período noturno.

Todos estes dispositivos não são ficção cientifica, estão em fase de projeto ou construção. Países que possuem poucos dias de insolação durante o ano estão investindo nas várias formas de energia solar.

A Espanha inaugurou no final de 2007 a primeira usina termosolar comercial (uma torre de aquecimento de água e uma matriz de espelhos) para geração de energia elétrica (Procure o site da empresa Abengoa Solar
www.abengoasolar.com para maiores informações).


A Energia solar e o hidrogênio

Uma possível combinação que pode dar certo é a energia solar ser usada para produzir o hidrogênio que seria utilizado em automóveis. No entanto, eu continuo não achando o hidrogênio uma boa solução, pois considero seu armazenamento e seu manejo muito perigoso.


A Energia eólica

A energia eólica ou energia dos ventos já está sendo utilizada em larga escala nos países desenvolvidos, e o Brasil tem vários projetos em andamento ou a serem iniciados.

O processo da energia eólica é simples: pás gigantes em forma de ventiladores são movidas pelo vento e transformam este movimento em energia elétrica através de geradores.

Esta energia se restringe a determinadas áreas, principalmente litorâneas, onde há um vento constante e unidirecional.


Fusão Nuclear

A grande esperança da humanidade é a energia obtida através da fusão nuclear. Diferentemente da fissão, onde há a quebra do núcleo de átomos radiativos, a fusão gera energia unindo núcleos de átomos. Este processo é o que ocorre no núcleo das estrelas. No caso do nosso sol, o hidrogênio, ou melhor, os prótons, presentes em seu núcleo unem-se para formar um átomo de hélio, isto ocorre a uma temperatura de alguns milhões de graus, e libera muita energia.

A fusão nuclear só pode ocorrer em altas temperaturas. A chamada bomba H é uma bomba de fusão nuclear, também chamada de bomba termonuclear. Esse tipo de bomba usa uma bomba atômica comum (bomba de fissão, à base de urânio ou plutônio) como ignição para começar o seu processo de fusão.

Nos reatores nucleares a fusão, o processo de produção de energia se daria da seguinte forma: dois isótopos do hidrogênio, o trítio e o deutério se uniriam formando um átomo de Helio e liberando grande quantidade de energia. Como o processo se dá a altíssimas temperaturas, usam-se poderosos eletroímãs para fazer um confinamento magnético.

A fusão nuclear controlada já é feita em alguns laboratórios, mas seu procedimento leva, no máximo, alguns décimos de segundo, além de consumir mais energia do que gasta. Espera-se que dentro de vinte ou trinta anos a tecnologia desenvolvida possa produzir esse tipo de energia a nível comercial.

A fusão nuclear poderia ser a grande solução energética para a humanidade. Pois o hidrogênio é abundante e poderia ser extraído da água do mar. Além disso, a fusão não produz resíduos radioativos como a fissão. No entanto, seu processo de controle e produção é muito complexo e ficaria nas mãos dos grandes grupos econômicos.


Conclusão

(Fevereiro de 2008) vejo na televisão o primeiro tornado brasileiro, aconteceu no estado de Santa Catarina. Mais uma advertência da natureza, depois do primeiro furacão do atlântico sul ocorrido em 2005 (no sul os furacões são chamados de ciclone).

Todos esses fatos parecem não incomodar as empresas de petróleo e os governos. Mas quem se responsabiliza pelas perdas em vidas humanas, as perdas materiais como casas, móveis, etc.? As empresas lucram bilhões com os combustíveis fósseis, será que elas não deveriam pagar um imposto climático que seria revertido para os refugiados climáticos?

Empresas como a Exxon, Texaco, Petrobrás entre outras deveriam ser responsabilizadas pelas catástrofes de origem climática.

O pior é que até agora nunca ouvi alguém falar, seja governo, empresas, imprensa, cientistas, etc. de cancelamento de perfurações ou de fechamento de poços de petróleo, ou de fechamento de minas de carvão. Ou seja, as catástrofes serão inevitáveis e ficarão piores a cada dia. Esta é a terrível conclusão a que podemos chegar.

Espero que você que está lendo este texto esteja em uma posição em que possa fazer alguma coisa, ou que tenha a oportunidade de fazer algo o mais breve possível. Se você tiver essa oportunidade, agarre-a, lute, não a desperdice.

No livro e no filme do Al Gore existe, no final uma lista de atitudes que cada um de nós pode tomar para minorar os efeitos do aquecimento global. No entanto se conseguíssemos criar um imposto climático forçando as empresas causadoras a pagar os prejuízos para as pessoas atingidas, acho que rapidamente haveria uma mudança na geopolítica energética. A mudança para combustíveis renováveis seria muito mais rápida.

Escrevi este manifesto para esclarecer melhor a todos o que está acontecendo, e também por não agüentar mais ver notícias ruins e a imprensa não associar os efeitos as causas, e também por ver a classe política preocupada apenas em continuar no poder e não a resolver problemas. No entanto não consigo criticar sem apresentar soluções e mostrar que elas são possíveis.

Espero poder contribuir de alguma forma com este texto. Desejo uma boa sorte a todos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Aquecimento Global III

Energia - A Era do Hidrogênio
Por Walder Antonio Teixeira
O Hidrogênio

Os países desenvolvidos se recusam a chamar o etanol de solução definitiva para os veículos. Por quê? Elas a chamam de mais uma “alternativa”. O que há por trás disso?

Existem duas razões principais:

1 – Não é para substituir o petróleo e sim dar uma sobrevida a ele. Grandes interesses econômicos estão por trás disso. Na época em que o Brasil tentou o programa do pró-álcool o petróleo ainda não estava em fase de extinção, por isso o programa foi sufocado. Agora “eles” já deixam o álcool entrar no sistema energético, mas não como de uma forma definitiva.

2 – A outra razão para o álcool ser apenas uma alternativa, é o fato de os países ricos não terem nenhuma intenção de depender energeticamente dos países do terceiro mundo. As regiões tropicais, onde se encontram os países mais pobres, são as que produzem o etanol mais barato devido ao clima mais quente.

Por esta segunda razão é que os países ricos estão investindo em pesquisas para produzir etanol a partir da celulose. O que tornaria mais barato a sua produção em climas temperados. E por esta razão, também, é que surgiu a mídia do hidrogênio, como possível substituto do petróleo.




A Era do Hidrogênio

Qual a vantagem do hidrogênio? O que há por trás do lobby do hidrogênio?

A grande vantagem do hidrogênio ante a solução do etanol no caso da substituição do combustível de veículos, é o fato de ele poder ser produzido em qualquer lugar que tenha eletricidade, ou seja, os países ricos podem produzi-lo em seu próprio território sem precisar depender da energia dos países pobres.

Dentro do planejamento estratégico dos países ricos o hidrogênio entra como solução de não dependência. Dentro das empresas do petróleo e das empresas de autopeças o hidrogênio entra como solução mais interessante do que veículos elétricos.

Os veículos elétricos possuem uma configuração muito simples e poderiam dar prejuízos as indústrias de autopeças. Eles também podem ser reabastecidos em tomadas não precisando de redes de distribuição, o que daria prejuízos as distribuidoras.

Assim, o hidrogênio assume um lugar importante tanto para os governos do primeiro mundo como para as corporações da área de energia. O hidrogênio pode usar os mesmos esquemas de distribuição da gasolina e do diesel, e também exige um motor bem mais complexo do que os motores dos veículos elétricos. Dentro de um veiculo a hidrogênio existe um depósito de hidrogênio, um motor elétrico e uma ou mais células de energia. Uma célula de energia mistura o oxigênio do ar com o hidrogênio do reservatório para produzir água. Neste processo eletroquímico ocorre a geração de eletricidade que por sua vez alimenta o motor elétrico.

O hidrogênio seria uma grande solução tanto para o aquecimento global quanto para a poluição nos grandes centros demográficos. O motor usa o hidrogênio e devolve para a atmosfera vapor de água. Eu digo seria uma grande solução se não fosse por um pequeno detalhe: Para produzir hidrogênio a partir da água gasta-se eletricidade. Imagine uma frota de 100 milhões de automóveis usando hidrogênio. De onde sairia tanta energia elétrica, se ela já está faltando em algumas partes do mundo?

A resposta à pergunta acima revela o que está por trás da mídia do hidrogênio. Seria preciso construir dezenas, talvez centenas, de usinas nucleares para dar conta da demanda.

Mais usinas nucleares no mundo? Acho que o etanol seria uma solução mais segura. O fato é que o aquecimento global, além de não ser solucionado, está sendo usado como desculpa para o lobby nuclear. Seria a era do hidrogênio a era nuclear? Teremos que falar, agora, um pouco de energia nuclear.

A energia nuclear está na mídia atualmente por não produzir gases de efeito estufa, portanto, não colabora para aumentar o aquecimento global. No entanto, a mídia esquece de falar sobre os seus problemas. Esses problemas estão relacionados a seguir:

1 – As usinas usam urânio que é um combustível mineral, portanto, uma fonte esgotável ou não renovável.

2 – As usinas têm um custo de construção tão alto quanto uma hidrelétrica.

3 – As usinas nucleares têm um custo de manutenção tão alto quanto uma termoelétrica. Já as hidrelétricas possuem custo de manutenção bem baixo.

4 – As usinas nucleares apresentarão um custo incomensurável quando alguém tentar se livrar dela (terão de ser vigiadas por séculos).

5 – Se houver algum acidente, tanto por falha humana ou de equipamento, elas podem causar grandes danos ao ambiente, como contaminação de alimentos, contaminação de terras agricultáveis, contaminação do ar, mortes, mutações, danos genéticos que podem ser transmitidos a outras gerações, etc.

Apesar de todos esses problemas parece que existem muitas pessoas dispostas a pagar o preço para continuar a obter seus grandes lucros.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Atentos na Luz

Atentos na Luz
Por Walder Antonio Teixeira


Existem grupos esotéricos de todo tipo. Em alguns deles os dirigentes sabem usar muito bem a lógica para distorcer a verdade, e moldá-la segundo as suas conveniências. Por que estou escrevendo isso? Simplesmente porque já me deparei com alguns desses grupos, e acho que preciso alertar aqueles que ainda não encontraram ou não souberam sobre eles. Claro que existem muitos grupos sérios, por isso não estou generalizando.
A forma mais comum de manipulação é usar o ego das próprias pessoas. Por exemplo:
Alguns dirigentes, canais, médiuns, etc. afirmam que o ser evoluído deve ficar acima do bem e do mal, pois o bem e o mal fazem parte do mundo da dualidade, e eles, o bem e o mal são opostos que formam dois lados de uma mesma moeda (um par dialético). Eles dizem que dependendo do grau de entendimento e da evolução espiritual de cada um, o bem e o mal passam a ser relativos. Isto quer dizer que o que é bom para um ser primitivo (como matar para comer) pode ser o mal para o ser mais evoluído.
Estas afirmações fazem parte de uma grande verdade e é aí que está o perigo. Comumente, usa-se este conceito dual para dizer que o ser evoluído não precisa ter ética, pois ética está relacionada com o bem e o mal do mundo da dualidade. Logo, estes seres astutos, dizem aos seus discípulos ou seguidores para não terem ética, pois já são seres evoluídos, estão acima da dualidade, estão acima do bem e do mal. Dizem a eles que não precisam evoluir como as pessoas comuns, “os mortais”. Aí entra a armadilha do ego. Quem acreditar estará fisgado.
O segundo passo é introduzir uma nova dualidade: Luz e escuridão. Usa-se a lógica da dualidade para dizer que uma não existe sem a outra, e aquele que está acima da dualidade deve ter o domínio das duas energias. Logo, o ser que está com o ego inflado começa a usar e abusar dos conhecimentos. Esta é a maneira mais fácil de introduzir uma pessoa na magia negra sem que ela perceba. Quando essa pessoa estiver consciente do que está acontecendo ela já estará dominada pelo desejo do poder.

Isto não é teoria! Eu vi acontecer com mais de uma pessoa.

Como desmontar este tipo de lógica?

Primeiro: O bem e o mal são realmente relativos à evolução e formam uma dualidade, mas quem pode estar acima do bem e do mal? Somente quem está acima do universo dual, ou quem tem acesso ao além universo, ou seja, quem tem acesso a Luz divina que é o amor. Quem tem esse acesso não precisa de ética, pois toma as decisões com o coração, e por isso nunca erra (um anjo, por exemplo). Para esses seres evoluídos toda decisão torna-se a própria vontade de Deus. Portanto estar acima do bem e do mal não é para qualquer um.

Segundo: Nunca houve dualidade entre Luz e escuridão. Só existe Luz. A escuridão é ausência de Luz e não o seu oposto. A Luz que falo é o amor que está além deste universo que está além da dualidade. Dizer que Luz e escuridão devem estar juntas e fazem parte de uma mesma coisa é uma tremenda mentira, ou melhor, uma desculpa para poder usar e abusar das energias negativas.

Distorcer a verdade com lógicas corretas, que usam premissas falsas, moldar as palavras de acordo com as suas necessidades, são estratégias das trevas. Devemos estar atentos e permanecer na Luz.
Frequentemente nós encontramos pessoas astutas, inteligentes e com grande habilidade para usar as palavras. Muitas delas tentam nos convencer que estão certas. Na verdade elas estão desesperadas, querem convencer você, pois acham que se convencerem outras pessoas é sinal que estarão mais perto de estarem certas e aliviarão a sua consciência. Só que o fato de terem muitas pessoas acreditando em uma mesma coisa, não faz desta coisa uma verdade.
Se vocês se depararem com pessoas desse tipo, esqueçam o que elas dizem e sintam sua energia, usem o coração para saber se o que elas estão dizendo é correto. Não se deixem levar pela lógica mental. A nossa civilização valoriza o raciocínio e a mente, e aonde ela chegou?

Namastê!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Aquecimento Global II

O Discurso Politicamente Correto dos Governos e das Corporações
Walder Antonio Teixeira

Há algum tempo está na moda o discurso politicamente correto. Dizer apenas o que os outros querem ouvir passou a ser uma prática elegante no mundo globalizado. Diz-se uma coisa, pensa-se outra coisa e pratica-se o pior de tudo. Invade-se um país dando a desculpa da falta de democracia para poder usar o seu petróleo. Estes são os novos tempos.

Os políticos, as empresas e outras instituições agem da mesma maneira. As Empresas de petróleo e até governos fazem uso do marketing para anunciar a adição de etanol a gasolina, vendem a idéia de que estão preocupados com a poluição e o aquecimento global, ao incentivarem o uso do biodiesel adicionado ao diesel, etc.

Um bom observador pode notar que ao mesmo tempo em que essas empresas e esses governos fazem a sua propaganda, eles também comemoram as descobertas de novas jazidas de gás, de petróleo ou de carvão. Por quê?

A resposta é simples, eles não estão preocupados com o aquecimento global, e sim em vender novos produtos, e que esses produtos, tais como o etanol, deverão cumprir o papel de prolongar a era do petróleo. Uma era que acabaria em trinta anos irá acabar em trinta e cinco. Mas uma coisa é certa, por mais etanol que se coloque na gasolina, nenhuma gota de petróleo deixará de ser explorada e vendida.

Eles chamam essas fontes fósseis de riqueza natural. “É nossa porque não vender, se outros estão vendendo”. Uma riqueza que aumenta a força tufões, furacões, ciclones, cria tornados onde antes não existia, eleva o nível do mar e deixa milhões de desabrigados. Em novembro de 2007 um tufão em Bangladesh deixou três milhões de desabrigados, o mesmo mês em que o Brasil dizia ter descoberto uma grande jazida de petróleo. Algumas ilhas do pacifico tiveram suas populações removidas por causa da elevação dos oceanos, fato descrito no livro de Al Gore. Dentro de alguns anos teremos milhões de refugiados climáticos.

Eu pelo menos, não consigo chamar isso de riqueza. A palavra riqueza é muito relativa, sustentamos as indústrias de todo mundo há décadas com nosso ferro e nosso alumínio e o povo brasileiro continua pobre. Exportamos grãos para todos os continentes, e o nosso povo continua com fome.

Algo está muito errado e ninguém quer mexer nas feridas. O certo é que terminaremos a era do petróleo com o mapa geográfico mundial totalmente diferente. Mas ainda há coisas escondidas que vão além do fim do petróleo.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Aquecimento Global I

Aquecimento Global e Energia
Walder Antonio Teixeira
- walder.t@pop.com.br

Introdução

Em todas as mídias podemos encontrar informações, pesquisas e discussões relacionadas ao aquecimento global. A polêmica sobre a sua existência ou não, não mais existe. O que existe, agora, é a discussão sobre o que fazer para amenizar os seus terríveis efeitos.

Em seu livro, e também no filme “Uma Verdade Inconveniente” Al Gore relata os efeitos atuais causados pelo aquecimento global e também faz previsões antecipando tragédias inevitáveis. Usa estatísticas, gráficos, animações e vários outros recursos para chamar a atenção de todos para este problema.

No final ele expõe uma lista de atitudes, as quais o ser humano poderia tomar para amenizar o problema e reduzir as emissões de carbono. Em sua ‘otimista’ apresentação sobre estas atitudes, ele deixa algumas lacunas que se forem mexidas poderiam fazer surgir uma série de questões, expondo tudo que há por trás do modelo energético de nossa civilização.

Quero ir além do que Al Gore diz em seu livro usando apenas a lógica e a analogia. Esquecendo os gráficos e os números, quero tentar desvendar o que se passa na mente coletiva das grandes corporações, das multinacionais da energia. Você, leitor, poderá ver as conclusões a que cheguei, poderá acreditar nelas ou não, mas com certeza, depois de ler, terá outra visão a respeito do mundo em que vive.

Recomendo, a todos que leiam o livro, ou assistam o filme “Uma Verdade Inconveniente” antes de ler ou criticar este manifesto.



Aquecimento Global: Como Tudo Começou


Combustíveis fósseis são assim chamados porque tem origem em fósseis de plantas e animais. O petróleo tem origem na fossilização de restos de plantas e animais marinhos que viveram a centenas de milhões de anos. Tais restos sob a influência de uma forte pressão produziram hidrocarbonetos. Já as jazidas de carvão formaram-se a partir de florestas fossilizadas de árvores que viveram no período chamado carbonífero entre 360 e 200 milhões de anos atrás. Há 2 bilhões de anos surgiu a vida marinha. Com o desenvolvimento da vida vegetal, começa-se o processo da fotossíntese, através do qual, usando a energia do sol, os vegetais retiram o carbono que precisam do CO2 do ar e devolvem oxigênio (O2). A Quantidade de oxigênio no ar naquela época era muito pequena e a quantidade de CO2 era alta. Com o passar das eras o carbono retirado do ar acumulou-se na forma de petróleo e carvão mineral. (combustíveis fósseis). A porcentagem de oxigênio aumentou e a de gás carbônico diminuiu, tornando possível a existência de animais maiores na superfície da terra.

O que nós estamos fazendo ao usar combustíveis fósseis é devolver ao ar o carbono que a natureza levou centenas de milhões de anos para retirar.

Dentro de menos de cem anos estaremos próximos do mesmo nível de CO2 no ar que havia no período jurássico (era dos grandes dinossauros), quando não havia gelo nos pólos e o clima era muito quente e úmido.

Nós não fazemos nenhuma idéia do tamanho de um furacão naquela época, nem das chuvas, nem das inundações e secas. Talvez o furacão Katrina seja um pequeno exemplo.


A Lacuna

Em seu livro “Uma Verdade Inconveniente”, Al Gore, cita algumas atitudes que se tomadas pelos governos e empresas, diminuiriam as emissões de gás carbônico na atmosfera. São atitudes como: melhorar a eficiência dos motores dos automóveis, incentivar o uso de transporte público, fazer um maior uso das energias renováveis, adicionar etanol a gasolina, colocar filtros de carbono em termelétricas, etc. Se todas estas atitudes forem tomadas ao mesmo tempo, poderíamos em poucos anos retornar ao nível de emissão de gás carbônico na atmosfera na mesma quantidade que emitíamos na década de 70 do século XX, ou seja, estaríamos jogando na atmosfera tanto CO2 quanto era emitido nessa época. O autor faz uma propaganda muito otimista caso venhamos a obter este resultado no futuro. A grande lacuna está aí: O que ele não diz é que o CO2 que já está alterando o clima, fazendo o efeito estufa, continuará na atmosfera, e ainda continuaríamos a emitir o CO2 em grande escala, mesmo sendo ao nível da década de 70.

Conclusão: O carbono que já foi emitido e está causando o problema climático continuará lá e se somará, inevitavelmente, a essas novas emissões sejam elas atuais, da década de 90, 80 ou 70. Mesmo que as emissões sejam menores, o problema continuaria a se agravar, apenas levaria mais tempo para o inevitável caos climático.

Outro problema que não é citado: “Ninguém fala de emissão zero de carbono”. Todos os governos e empresas discutem como diminuir as emissões de CO2 e metano, mas ninguém fala em modificação, ou substituição do modelo energético. Os prazos para iniciar o uso de novas energias em grande escala são feitos para datas que vão além da data de esgotamento do petróleo. Por que será?


continua...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Lenda de Otá Eté

Este conto foi feito com a intenção de levar o leitor a fazer uma análise sobre a nossa própria civilização e seu comportamento, fazendo uma analogia com uma pequena ilha no Oceano Pacífico.

A Lenda de Otá Eté
Por Walder Antonio Teixeira



Capítulo I – O Grande Tambor

Otá Eté é uma pequena ilha no Oceano Pacífico, distante de tudo e fora de todas as rotas internacionais de navios e aviões. A população que nela vive divide-se em três grupos distintos: Os Otá Etés do norte, os Otá Etés do sul e os Otá Etés do leste. No oeste existe apenas uma cadeia de montanhas onde não vive ninguém.
O povo de Otá Eté descende dos polinésios que chegaram com seus barcos a centenas de anos atrás. No entanto, os Otá Etés de hoje não se lembram disto.
Em Otá Eté existe um sistema de governo bastante interessante: Os sacerdotes dizem que não se envolvem com política, os caciques dizem que não se envolvem com religião, os donos de redes de pesca (principal atividade econômica da ilha) dizem que não se envolvem nem com política e nem com religião. Porém em todas as decisões importantes os três grupos se reúnem secretamente.
Tudo corria bem na vida de Otá Eté, até que um dia alguns aldeões do norte avistaram um grande barco ao longe. Tal fato teve grande repercussão em Otá Eté, uma torrente de fofocas se espalhou pela ilha. Não tardou muito para que os três grupos que sustentam o poder se reunissem para discutir o assunto. Então, nas montanhas em uma tranqüila madrugada começa a reunião do G3:
- Precisamos dar um fim nessas fofocas. Não podemos deixar isso continuar! – Comenta Otá Oram o sumo sacerdote.
- Otá Oram tem razão! Todos sabem que não existe vida fora de Otá Eté. – Fala Otá Tim, o principal cacique de Otá Eté do norte.
Depois de muito pensar, o esperto Otá Pam, líder do conselho dos donos de redes de pesca resolve dar uma sugestão:
– Podemos dizer que foi um projeto militar! Uma tora que mandamos os nossos guerreiros soltarem no mar. E tudo voltará ao normal.
Otá Oram, ainda preocupado fala:
- Mesmo assim, agora surgiu a dúvida, muitos estão perguntando para os sacerdotes se a vida realmente começou em Otá Eté, ou se existe vida fora de Otá Eté. Temos que fazer algo para que não haja dúvidas, senão nossas instituições estarão ameaçadas. O povo não vai mais acreditar nos sacerdotes, e depois irão questionar o poder militar dos caciques e talvez até não mais utilizar as redes de pesca e irão aprender a fazer suas próprias redes.
Otá Pam dá um pulo do banco onde estava sentado:
Não! Isso nunca! Precisamos realmente fazer algo para acalmar a população.
Otá Tim intervém:
- Não existe vida além, senão onde estariam eles? Onde estariam todos? Porque não vem aqui? – continua Otá Tim. - Se existisse vida fora de Otá Eté nossa avançada tecnologia de comunicação já teria detectado.
- Do que você está falando? – Pergunta Otá Oram.
- Nossos guerreiros desenvolveram a tecnologia de comunicação por tambor. Podemos divulgar este grande feito para a população.
- Sim, mas o que tem isso a ver com o nosso problema?
- É simples – continua Otá Tim - Como nunca ouvimos tambores distantes, logo isso prova que não há vida inteligente fora de Otá Eté.
Otá Oram ergue a sobrancelha esquerda, enquanto está pensando. Depois de um longo silêncio dá a sua opinião:
- Isto não basta! Muitos dirão que é porque não mandamos nenhuma mensagem, por isto não recebemos resposta.
Otá Pam, que em tudo procura uma forma de tirar proveito, vê uma grande oportunidade nesta situação:
- Então porque não construímos um grande tambor para falarmos com as outras civilizações que não existem e acalmar o povo. Com o tempo verão que não teremos nenhuma resposta e retornarão a sua vida cotidiana.
- E se houver resposta? – Pergunta Otá Tim.
Otá Oram grita raivosamente:
- Isto é heresia! Tome cuidado com o que fala! Muitos já morreram por dizerem menos que isto.
Otá Pam, responde:
- Calma! Conhecemos o grande mar. O alcance do grande tambor será limitado, nós o colocaremos entre duas montanhas. E todos que quiserem ver o grande tambor funcionar terão acesso ao espetáculo. Vocês concordam?
Todos acenam a cabeça afirmativamente. Otá Pam continua:
- Então levarei amanhã mesmo meus trabalhadores para as montanhas para confeccionar o grande tambor, e isso só custará dez barris de óleo de peixe.
Ótimo! – Completa Otá Oram – Pediremos contribuições ao povo, àqueles que não quiserem contribuir sofrerão as conseqüências. Dos dez barris de óleo vou querer dois.
Otá Tim se levanta:
- Eu vou querer três!
Otá Pam percebe uma nova oportunidade de ter mais lucro com a situação:
- Então o grande tambor custará duas vezes dez barris!
Todos silenciam, e com o seu silêncio dão a sua aprovação para o projeto de Otá Pam, mesmo sabendo que os vinte barris de óleo de peixe causarão um grande sacrifício ao povo.
Assim, todo décimo dia depois da lua cheia começa a cerimônia do grande tambor. Primeiro um sacerdote abençoa o tambor e agradece ao grande deus pai Otá É, e em seguida dez cocos são lançados de uma altura de dez coqueiros, em cima do tambor. Depois dos dez estrondos todos os presentes fazem dez chokans de tempo em silêncio para esperar uma resposta de outras civilizações. E, como sempre, nada acontece.
Em seguida todos os Otá Etéenses voltam aos seus afazeres, com a certeza de que nada mais existe além de Otá Eté. E a vida na ilha continua como sempre foi: muito boa, mas boa apenas para os poderosos.

Continua....




Capítulo II – O Visitante

Em Otá Eté usa-se o sistema de numeração decimal, onde o maior número possível é dez vezes dez. Tudo que passa além desse número é considerado infinito ou então não existente. Esse sistema é muito vantajoso do ponto de vista econômico, pois os grandes proprietários podem tomar todos os animais que passarem de cem do rebanho pessoal de seus empregados, sem que eles percebam.
A principal atividade econômica é a pesca que é feita com o uso de redes. No entanto, os Otá Etenses não sabem fazer redes. Essa tecnologia é propriedade dos donos das redes de pesca. Eles as alugam para os Otá Etenses do sul. O material, do qual as redes são feitas, só existe no norte. Outros tipos de materiais, que poderiam ser usados para confeccionar redes e que existem em outros lugares além das terras do norte, são proibidos. Dizem que é para ter um padrão de qualidade, outros alegam que esta é vontade de seu deus. Para cada dez peixes pescados, nove são para o aluguel das redes sobrando apenas um para o pescador. Em épocas de poucos peixes o pescador tem de trabalhar o dia inteiro e parte da noite para poder comer. Em épocas de abundancia ele só tem direito a dez peixes, pois o que passar de cem não existe e é do proprietário, e os outros noventa fazem parte do aluguel da rede.
Um pescador chamado Otá Perec estava trabalhando com sua rede na companhia de sua filha Boraca. Quando aconteceu algo inesperado.
Aqui cabe uma explicação: As mulheres não têm o prefixo Otá em seus nomes porque o deus pai Otá É, é um deus pai e não um deus mãe, logo os homens são a imagem e semelhança de Otá É e as mulheres não. Então pode-se concluir que as mulheres não são filhas de Otá É e foram criadas para servir os homens (verdadeiros filhos de Otá É). Assim dizem os sacerdotes, assim diz a tradição.
Um náufrago adormecido aparece na praia dentro de um barco inflável. Otá Perec socorre o homem e o coloca deitado na praia. Ele deixa sua filha cuidando do estrangeiro enquanto corre até sua vila para pedir ajuda. O cacique da vila o manda esperar, enquanto dois guerreiros soam os tambores transmitindo uma mensagem.
Depois de algumas horas esperando, o pescador desiste e volta para onde deixou o náufrago. Ao chegar não encontra nada, nem o bote, nem sua filha e nem o estrangeiro. Bem perto dali ele vê dois guerreiros de tanga preta apagando possíveis marcas nas areias.
- Vocês viram o estrangeiro?
- Não sabemos do que você está falando!
- Mas e o barco?
- Que barco? Isso não existe!
- O barco do estrangeiro?
- Olha! Nós recomendamos não falar sobre isso. Você quer ser considerado um louco? Sabe o que acontece com os loucos?
- Eu tenho certeza do que vi! E minha filha onde está?
- É, ele ficou louco mesmo. Vamos embora daqui!
Quando o pescador voltou para a sua vila e contou o que aconteceu, todos riram dele. E todos o chamaram de louco.
Daquele dia em diante ele não conseguiu mais redes para alugar. Nem conseguiu trabalhar em uma fabrica de óleo de peixe, e as pessoas não falavam mais com ele. Sua mulher, com vergonha, foi embora para outra vila e casou-se com outro pescador.
Sem escolha Otá Perec foi embora para o oeste da ilha. Lá ele aprendeu a colher e comer frutas dos pequenos arbustos que existiam nas montanhas. Lá de cima ele podia observar a vida nos vilarejos. Ele podia ver as pessoas trabalhando o dia todo para poder comer e às vezes não conseguir. Podia ver o sofrimento das mulheres, as crianças trabalhando desde pequenas em um ritmo louco. As pessoas morando em espaços pequenos e apertados, as doenças, as humilhações e tudo mais.
Ele, então, comparou sua vida com as deles. Ele não pescava, só colhia as frutas e comia. Não trabalhava para os outros, pois não precisava. Para dormir a natureza lhe deu várias cavernas para escolher, de vários tamanhos. As aves lhe ofereciam as penas para confeccionar tangas. Em seus ninhos ele podia recolher um ou outro ovo para comer sem alterar o equilíbrio do ninho. Tinha água potável melhor que a água que os Otá Etés do norte possuíam. Tinha tempo para criar coisas novas: inventou um tipo de flauta, criou vasos de cerâmica secados com o sol para guardar água, enfim tinha tempo para usar a criatividade.
Otá Perec também podia ver os grandes navios passando ao longe, e pensava se não era por esse motivo que os religiosos proibiam o povo de subir as montanhas. Eles diziam que entre as montanhas do oeste vivia Urukubaca, o demônio alado, uma criatura mitológica criada pelos sacerdotes para amedrontar os devotos de Otá É. Diziam também que as pessoas más que se recusam trabalhar e se recusam a pagar os tributos, quando morrem vão para as montanhas do norte onde sua alma será atormentada eternamente pelo demônio alado.
Mas voltando na noite do dia em o nosso pescador foi considerado louco. Dentro de uma caverna podia-se ouvir a seguinte conversa:
- Agora, nós vamos dissecá-lo!
- Mas por quê?
- Ora, precisamos saber o que tem dentro! Se ele é igual a nós ou não.
- E este barco esquisito com este material que tem ar dentro?
- Coloque lá embaixo com os outros, e nunca mais use essa palavra.
- Que palavra?
- Barco! Isso não existe!
- Mas nós já sabemos fazer um barco.
- Eu sei, mas por enquanto não sabemos como o fazer ir para o lado que a gente quer.
- Talvez essas pás que estavam dentro dele tenham algo a ver com isso.
- Talvez, mas precisamos estudar mais.
E assim mais uma vez a vida em Otá Eté continua inalterada. Exceto para um pescador isolado em uma montanha.




Capítulo III – O Fim de Otá Eté

Já era madrugada e a reunião dos poderosos de Otá Eté continuava:
- Esses videntes não podem estar certos. Se eles não são sacerdotes e não fazem parte dos lideres de nossa igreja eles não devem ser levados a serio.
- Eu sei! Mas se houver, mesmo que seja pequena, a possibilidade de eles estarem certos, teremos de nos preparar.
- Nós já nos preparamos. Construímos o grande buraco para nos escondermos e nos protegermos no caso de uma tragédia. Se Otá Eté realmente acabar com uma grande onda, como eles dizem, estaremos preparados.
- Mas e o resto da população?
- Eles são dispensáveis.
- Mas quando sairmos do grande buraco, o que vamos fazer? Quem irá trabalhar?
- Nós mesmos teremos que trabalhar!
- Nunca! Isso nunca! Não aceito! Deve haver outra forma.
Alguns começam a gritar, outros iniciam conversas paralelas e outros começam a discutir.
Otá Oram o sumo sacerdote intervém:
- Calma! Peço calma a todos!
Todos fazem silencio esperando Otá Oram completar seu discurso:
- Mesmo quando acontecem tragédias sempre sobram sobreviventes. Essa ralé é uma praga que apesar de tudo insistem em sobreviver. Os que restarem voltarão a trabalhar.
- E se eles não quiserem?
- É por isso que estamos armazenando, além de comida, lanças, arcos e flechas no grande buraco. Nosso poder será restabelecido com a força das armas se for preciso. O importante neste momento é não alarmar a população com essas mentiras de que Otá Eté irá acabar.

Enquanto isso, em um porta-aviões não muito longe dali um homem entra apressado em uma sala:
- Almirante, almirante...
- O que é Major? Fale logo!
- Senhor, um tsunami está indo na direção sul.
- Não tem importância. Não existe nada lá.
- Existe sim! Há uma pequena ilha habitada.
- Ah sim, agora me lembro. Tentamos entrar em contato com eles três vezes desde que foi descoberta, mas seus líderes se recusaram a entrar com contato conosco. Receberam-nos com flechas.
- Senhor, mas o que vamos fazer senhor?
- É um dever humanitário. Mandaremos dois helicópteros para resgate. Mais do que isso não podemos fazer. Nosso navio não chegará a tempo. Mas eu creio que ao verem as ondas, eles deverão ir para as montanhas. É o que todo mundo faria.
Quando o tsunami chegou a Otá Eté, ele pegou a todos de surpresa. Os que viram as ondas não tiveram coragem de subir as montanhas do mal. Os que viram os helicópteros acharam que era Urukubaca o demônio alado e fugiram com mais medo dele do que das ondas. A elite de Otá Eté escondeu dentro do grande buraco, mas os cientistas de Otá Eté esqueceram de dizer a eles que as águas do tsunami também entram em buracos.
Um dos helicópteros resolveu dar uma última volta na ilha para filmar a ação do tsunami:
- Olhe! Ali em baixo no topo daquela montanha.
- Sim, o que é aquilo?
- Um sobrevivente, aliás, o único. Ele está acenando para nós.
- Ok! Vamos resgatá-lo. Informe pelo rádio que só houve um sobrevivente.
Muitos anos se passaram. Hoje Otá Perec possui um barco e pesca no litoral de um país sul americano. No final das tardes de domingo na praia, ele costuma sentar com seus netos para contar estórias sobre uma ilha no pacifico, todos ouvem, mas ninguém acredita nele. Acham que é estória de pescador.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O que é a evolução autodirigida?


“Ser humano é divino.”

Evolução autodirigida é o termo que uso para descrever uma fase da longa jornada da evolução espiritual, através dos ciclos de reencarnações.

Existem dois movimentos no caminho do ser ou espírito em sua jornada pelo Universo. O primeiro é a individuação, onde o ser deixa o contato direto, ou melhor, o contato pleno com a divindade para experienciar a matéria, as sensações e com isto desenvolver as emoções e a consciência.
Depois de muitas vidas e de muitas lutas passando pelos diversos reinos da natureza, o ser começa a sentir a necessidade do retorno a sua fonte. Começa, assim, o movimento de retorno à divindade (caminho da religação ou reunião). No começo este retorno é totalmente inconsciente. O ser pode até buscar as diversas religiões sem saber exatamente o que está procurando, nem o porquê. Depois vem a fase de consciência: O ser sabe que precisa evoluir, sabe que precisa voltar-se si mesmo para chegar a Deus, mas embora já esteja consciente, ele não toma atitudes em direção a evolução. Logo após esta fase vem a fase da busca da luz, onde o ser já totalmente consciente de seu processo de evolução busca, através de atitudes, melhorar-se e evoluir, descobrindo com isto novas habilidades e novas percepções. Por fim (se é que realmente existe um fim), vem a fase da superconsciência ou iluminação.

Estas fases possuem as seguintes características:

a) Fase da inconsciência do processo de religação com a divindade:

- A evolução se processa, na maior parte das vezes, através da dor.
- A lei do karma é o principal veiculo de aprendizado do ser inteligente. (humanóide ou não).
- A busca do prazer se dá através dos cinco sentidos.

b) Fase da consciência da necessidade do retorno, mas sem atitude:

- A evolução se processa, na maior parte das vezes, através da dor. Porém, o ser sabe que o seu erro tem retorno, e às vezes tenta não errar, mas continua sem tentar acertar.
- A lei do karma é o principal veiculo de aprendizado do ser inteligente.
- Começa a descoberta dos prazeres mentais e emocionais. (Jogos e paixão).

c) Fase da evolução consciente com atitudes:

- No começo a evolução se processa, através da dor. Porém, as dores são amenizadas através do karma bom ou darma, criado através das atitudes e buscas para se aperfeiçoar.
- Devido ao grande karma acumulado, o ser demora entrar em um processo de evolução sem dor. No começo ele tem a sensação de que suas atitudes positivas não estão dando resultado. Mas isto ocorre porque sua visão ainda está muito limitada, tanto no tempo como no espaço. Com o tempo o ser vai conquistando uma vida plena e cheia oportunidades de aprendizado, quase sem influência do karma negativo.
- O ser descobre os prazeres mentais e sentimentais superiores. Ele descobre novos sentidos e novas habilidades relacionadas a eles.

d) Fase da superconsciência ou iluminação:

- É uma fase sem karma.
- O ser experimenta a presença de Deus em seu interior.
- É uma fase em que pouco se pode falar dela, pois as palavras são limitadas para descrevê-la.

Este é um resumo muito pobre do caminho evolutivo. Podem-se escrever inúmeras paginas sobre ele, mas este não é o objetivo deste documento. Aqui o principal objetivo é ajudar as pessoas a passarem da fase b para a fase c, ou seja, criar meios ou atividades através das quais ele, o ser, possa começar a tomar atitudes em prol de sua própria evolução, conscientemente. E, também, para que, aqueles que já tomam atitudes positivas em relação ao seu auto-aperfeiçoamento espiritual possam ter novos meios de acelerar e entender este processo.