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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Aquecimento Global IV

Possíveis Soluções Energéticas

“Energias alternativas”, esse foi o nome que a mídia achou mais adequado para as energias limpas. Por quê?

A palavra “alternativa” embora não significasse, virou sinônimo de paliativo, de opção momentânea, ou mesmo de uma segunda ou terceira opção. Assim, a indústria do petróleo não corria o risco de alguém pensar em sua substituição. Isso no passado, atualmente as corporações estão achando muito interessante as outras formas de obtenção de energia, apenas para dar uma sobrevida ao petróleo.

A solução ideal para as grandes corporações de energia, seria um modelo que teria uma fonte inesgotável, difícil e cara de produzir, para que ninguém com pouco capital pudesse produzir em pequena escala. Essa solução usaria a mesma estrutura de distribuição existente, portanto, as mesmas empresas continuariam operando. O único modelo possível dentro do que o ser humano conhece, atualmente, e que se encaixaria nesses requisitos seria a fusão nuclear associada ao hidrogênio. Reatores de fusão nuclear gerariam eletricidade tanto para o consumo direto como para produzir hidrogênio para os automóveis. Mas seria esta a solução ideal em termos sociais? Em termos de distribuição de renda? Em gerar oportunidades para o pequeno produtor ou empreendedor? Com certeza não é. Além do mais, tanto a fusão nuclear quanto o hidrogênio precisam, ainda, de muitos anos de pesquisa.

A meu ver, as soluções mais interessantes, para um novo modelo de civilização (uma civilização sustentável), estão relacionadas com hidrelétricas, usinas eólicas, usinas solares, força das ondas e das marés. Para a movimentação de veículos, talvez, uma combinação de sistemas de transporte coletivo sobre trilhos (elétrico), etanol e/ou hidrogênio para veículos leves conforme as características econômico-climáticas de cada país. Tudo seria produzido em milhares de pequenas usinas que forneceriam para a demanda local criando empregos no interior, distribuindo renda, incentivando o pequeno produtor, redistribuindo geograficamente a economia.


A Energia Solar

A energia solar é uma das soluções mais interessantes do ponto de vista da geração de energia elétrica.

Para o aquecimento de água, ninguém discute a utilidade da energia solar, pois já está bastante difundida, inclusive comercialmente.

Mas, quando se fala em energia solar para gerar energia elétrica, dois problemas sempre vêm à tona em qualquer discussão:

1 – Só temos energia durante o dia.

2 - As células fotovoltaicas são semicondutores e possuem alto custo de produção.

O primeiro problema pode ser solucionado se considerarmos uma usina de energia solar como complemento de outras usinas. Por exemplo:

Uma usina solar associada a uma hidrelétrica pode ser muito interessante. Durante o dia a hidrelétrica pode diminuir a vazão desligando uma parte de suas turbinas, pois teria o complemento de energia fornecida pela usina solar. Durante a noite a hidrelétrica voltaria a usar todo o seu potencial. Esse processo economizaria a água que poderia faltar em épocas de seca. É justamente na época da seca que temos o sol disponível por mais tempo. Teríamos com isso uma maior segurança no fornecimento de energia, prevenindo possíveis apagões que podem acontecer em longos períodos de estiagem.

O segundo problema, ou seja, o alto preço dos painéis fotovoltaicos será solucionado com o tempo. O preço diminui a medida que aumenta a demanda, ao mesmo tempo a eficiência dos dispositivos fotossensíveis vem crescendo.

Pouco se fala em uma outra opção: A tecnologia Termosolar para gerar eletricidade. Um conjunto de espelhos reflete a luz do sol para um determinado ponto onde a água ou outro fluído entram em estado de ebulição. Pode-se, através disso, gera-se energia elétrica quando a luz do sol concentrada, aquece esse fluído até o ponto de fervura, para em seguida o vapor mover uma turbina que por sua vez move um gerador elétrico.

Este tipo de dispositivo também não fica barato: Tanto por causa dos espelhos como pelos motores acoplados a cada espelho que fazem os espelhos se moverem acompanhando o movimento do sol. No entanto, com o esgotamento das novas possibilidades de utilização de hidrelétricas e com a subida do preço do gás combustível, essas soluções tornam-se economicamente viáveis.

Este tipo de tecnologia é chamado de tecnologia termosolar. A tecnologia termosolar para geração de energia elétrica é na verdade uma máquina a vapor, ou melhor, uma turbina a vapor.

Não faz muito tempo uma nova patente de matriz de espelhos foi registrada por um americano. O dispositivo funciona como uma antena parabólica que usa diversos espelhos que concentram a luz do sol em um foco. Essa ‘antena’ usa um único motor para mover todo o conjunto e acompanhar o caminho que o sol faz no céu. Esse dispositivo aquece um fluído em vez de aquecer a água.

Na Austrália uma empresa chamada “Enviromission” (procure o site da Enviromission
www.enviromission.com.au na internet e poderá acessar um vídeo) tem o projeto de construir uma torre solar. Essa torre possuirá um quilometro de altura. Em um círculo de um quilometro de diâmetro coberto por plástico transparente, o sol penetra e aquece o ar como em uma estufa. O ar quente que é mais leve tende a subir indo para o centro do complexo onde está a torre e com isto move 32 turbinas antes de subir pela torre. A capacidade de geração de tal complexo é de 200 Mega Watts. Nas bordas da imensa capa de plástico existem piscinas em que a água absorve energia do sol de dia e libera a noite, formando um fluxo de ar adicional para gerar energia no período noturno.

Todos estes dispositivos não são ficção cientifica, estão em fase de projeto ou construção. Países que possuem poucos dias de insolação durante o ano estão investindo nas várias formas de energia solar.

A Espanha inaugurou no final de 2007 a primeira usina termosolar comercial (uma torre de aquecimento de água e uma matriz de espelhos) para geração de energia elétrica (Procure o site da empresa Abengoa Solar
www.abengoasolar.com para maiores informações).


A Energia solar e o hidrogênio

Uma possível combinação que pode dar certo é a energia solar ser usada para produzir o hidrogênio que seria utilizado em automóveis. No entanto, eu continuo não achando o hidrogênio uma boa solução, pois considero seu armazenamento e seu manejo muito perigoso.


A Energia eólica

A energia eólica ou energia dos ventos já está sendo utilizada em larga escala nos países desenvolvidos, e o Brasil tem vários projetos em andamento ou a serem iniciados.

O processo da energia eólica é simples: pás gigantes em forma de ventiladores são movidas pelo vento e transformam este movimento em energia elétrica através de geradores.

Esta energia se restringe a determinadas áreas, principalmente litorâneas, onde há um vento constante e unidirecional.


Fusão Nuclear

A grande esperança da humanidade é a energia obtida através da fusão nuclear. Diferentemente da fissão, onde há a quebra do núcleo de átomos radiativos, a fusão gera energia unindo núcleos de átomos. Este processo é o que ocorre no núcleo das estrelas. No caso do nosso sol, o hidrogênio, ou melhor, os prótons, presentes em seu núcleo unem-se para formar um átomo de hélio, isto ocorre a uma temperatura de alguns milhões de graus, e libera muita energia.

A fusão nuclear só pode ocorrer em altas temperaturas. A chamada bomba H é uma bomba de fusão nuclear, também chamada de bomba termonuclear. Esse tipo de bomba usa uma bomba atômica comum (bomba de fissão, à base de urânio ou plutônio) como ignição para começar o seu processo de fusão.

Nos reatores nucleares a fusão, o processo de produção de energia se daria da seguinte forma: dois isótopos do hidrogênio, o trítio e o deutério se uniriam formando um átomo de Helio e liberando grande quantidade de energia. Como o processo se dá a altíssimas temperaturas, usam-se poderosos eletroímãs para fazer um confinamento magnético.

A fusão nuclear controlada já é feita em alguns laboratórios, mas seu procedimento leva, no máximo, alguns décimos de segundo, além de consumir mais energia do que gasta. Espera-se que dentro de vinte ou trinta anos a tecnologia desenvolvida possa produzir esse tipo de energia a nível comercial.

A fusão nuclear poderia ser a grande solução energética para a humanidade. Pois o hidrogênio é abundante e poderia ser extraído da água do mar. Além disso, a fusão não produz resíduos radioativos como a fissão. No entanto, seu processo de controle e produção é muito complexo e ficaria nas mãos dos grandes grupos econômicos.


Conclusão

(Fevereiro de 2008) vejo na televisão o primeiro tornado brasileiro, aconteceu no estado de Santa Catarina. Mais uma advertência da natureza, depois do primeiro furacão do atlântico sul ocorrido em 2005 (no sul os furacões são chamados de ciclone).

Todos esses fatos parecem não incomodar as empresas de petróleo e os governos. Mas quem se responsabiliza pelas perdas em vidas humanas, as perdas materiais como casas, móveis, etc.? As empresas lucram bilhões com os combustíveis fósseis, será que elas não deveriam pagar um imposto climático que seria revertido para os refugiados climáticos?

Empresas como a Exxon, Texaco, Petrobrás entre outras deveriam ser responsabilizadas pelas catástrofes de origem climática.

O pior é que até agora nunca ouvi alguém falar, seja governo, empresas, imprensa, cientistas, etc. de cancelamento de perfurações ou de fechamento de poços de petróleo, ou de fechamento de minas de carvão. Ou seja, as catástrofes serão inevitáveis e ficarão piores a cada dia. Esta é a terrível conclusão a que podemos chegar.

Espero que você que está lendo este texto esteja em uma posição em que possa fazer alguma coisa, ou que tenha a oportunidade de fazer algo o mais breve possível. Se você tiver essa oportunidade, agarre-a, lute, não a desperdice.

No livro e no filme do Al Gore existe, no final uma lista de atitudes que cada um de nós pode tomar para minorar os efeitos do aquecimento global. No entanto se conseguíssemos criar um imposto climático forçando as empresas causadoras a pagar os prejuízos para as pessoas atingidas, acho que rapidamente haveria uma mudança na geopolítica energética. A mudança para combustíveis renováveis seria muito mais rápida.

Escrevi este manifesto para esclarecer melhor a todos o que está acontecendo, e também por não agüentar mais ver notícias ruins e a imprensa não associar os efeitos as causas, e também por ver a classe política preocupada apenas em continuar no poder e não a resolver problemas. No entanto não consigo criticar sem apresentar soluções e mostrar que elas são possíveis.

Espero poder contribuir de alguma forma com este texto. Desejo uma boa sorte a todos.

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