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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sistema Econômico e a Nova Era - Continuação

Por Walder Antonio Teixeira

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O Conceito de Propriedade

Assim como o conceito de empresa foi atrelado ao conceito de liberdade (livre iniciativa) que no fundo se traduz em liberdade para explorar o trabalho dos outros, o conceito de propriedade também ficou atrelado ao principio de liberdade. É preciso que na Nova Era seja resgatada a idéia da função social da propriedade. O que quer dizer isso? Vou dar um exemplo:
Viajei para uma cidade pequena para passar um fim de semana tranqüilo, cachoeiras, mato, etc. Como estava pensando muito em economia na época, comecei a observar as coisas do ponto de vista econômico. Vi os silos de armazenagem de uma grande multinacional da área de alimentos. Grandes propriedades usando técnicas “modernas” de agricultura, mecanização, adubos químicos, etc. Mas o que mais me impressionou foi a cidade, ou melhor, os limites da cidade. A cidade estava toda cercada (cercas mesmo) pelas propriedades. Ela não teria mais por onde crescer. Sua população que não trabalha no comércio está quase totalmente desempregada. Uma boa parcela da população vive na pobreza. Conclui que o que eu estava enxergando era o lado negro da tal globalização.
O que está acontecendo neste local? O que acontece é o seguinte:
Primeiro – Estas grandes fazendas empregam máquinas e não seres humanos, três ou quatro empregados são suficientes para operar os tratores e colheitadeiras.
Segundo – Estes grandes proprietários produzem para a exportação e não para atender ao consumo local.
Terceiro – As grandes fazendas vendem para a multinacional que estoca os alimentos em seus silos, esperando o melhor momento para repassar a mercadoria e não assumindo risco nenhum.
Quarto – Estas fazendas, usando monocultura, adubos químicos, herbicidas e pesticidas, estão contaminando o meio ambiente e as fontes de água.
Quinto – Provavelmente, os grandes proprietários nem moram na cidade. Talvez, nem no mesmo estado. E podem até viver em um outro país, sem nem sequer conhecer a região.
Sexto – O prefeito deve depender de ajuda desses proprietários para se eleger. Na verdade, dinheiro para a campanha e para dar camisetas e cestas de alimento aos desempregados. O prefeito também tem nas mãos verbas de programas federais com o qual pode fazer caridade em troca de votos.

Poderia continuar enumerando os problemas, mas o que interessa é entender esse lado da globalização:
Em uma situação em que o prefeito não pode fazer políticas públicas como assentamentos, casas populares, etc. por falta de espaço, a população desempregada teria de criar suas próprias soluções. Mas como? Fazer agricultura de subsistência e trocar alimentos com os vizinhos sem um pedaço de terra, por menor que seja, é muito difícil. Criar uma cooperativa de artesanato? É difícil dizer o que pode funcionar com opções tão limitadas.
Mas quando um grupo decide se organizar e invadir terras, todos, sem exceção: mídia, políticos, empresários, classe média urbana, ricos, religiosos, apelam para o direito à propriedade. Ninguém mais consegue enxergar a legitimidade que uma comunidade tem de usar o espaço onde vive da maneira que for melhor para eles. O direito de quem vive longe e se diz dono é maior do que o direito do nativo do lugar. Responda-me: Se o povo da cidade invadir uma dessas fazendas a polícia e o prefeito ficarão do lado de quem?
Agora você pode ter uma idéia do porque que os neoliberais pregam o estado mínimo. Um estado tão pequeno que não chega a fiscalizar, que não tem tempo de discutir causas sociais. Um estado que não investe em educação apenas investe em segurança. Mas segurança de Quem? Ou para quem?
A propriedade deve ter também sua função social. O cidadão não pode tornar-se prisioneiro de sua cidade natal, onde ele só é visto como um voto útil.
Este lado da globalização trouxe problemas sérios para as comunidades. O cidadão que não quiser viver na cidade é livre para sair, ele não é um prisioneiro de fato, mas suas opções são ficar ou ir para as favelas das grandes cidades. Este cidadão não é cidadão é gado, ou pior, pois gado dá lucro e é bem tratado, vacinado, etc. Esses cidadãos são os verdadeiros donos da terra, pois eles vivem nelas, ou melhor, a terra não é de ninguém, a vida (animais e plantas) não deve ter dono e a comunidade deve zelar e utilizar as suas riquezas de uma maneira sustentável.
Como mudar isso?
Primeiro criando leis que obriguem as propriedades a não fugirem de sua função social, criando leis que garantam direitos geográficos para a população. Dar prioridade ao mercado interno e deixar para o mercado externo apenas o que sobrar. Criar políticas públicas de inclusão social e de sustentabilidade.
Segundo, mexendo no conceito de democracia. Este nosso sistema de venda de votos, de não participação da população, de impedir a criação de pequenos partidos, de influência do poder econômico sobre o poder político tem de ser mexido. Este é o tema a seguir:



O Conceito de Democracia


Quando se fala de política a primeira coisa que vem a nossa mente é a palavra corrupção. Na verdade nossa sociedade criou o pior dos mundos em termos de política. Existe uma rede de distribuição de orçamento que abrange desde a prefeitura até o governo federal. É uma rede que faz lobby para pegar partes do orçamento federal e estadual para os municípios. Esses recursos orçamentários são repassados conforme os interesses políticos e financeiros que são feitos com acordos entre o governo central e os municípios. Finalmente a verba é repassada para as empresas prestadoras dos serviços, empreiteiras etc., que por sua vez financiam as campanhas eleitorais. Nada mais é do que uma grande feira de verbas públicas. Dá-se a isso o nome de democracia.
O simples ato de votar não constrói uma verdadeira democracia. Uma democracia é muito mais que o ato de votar. A eleição em nosso país é apenas uma festa feita para parecer que o povo decide alguma coisa.
Isto está em nossa cultura a muito, desde os tempos das capitanias hereditárias. É a cultura da centralização do poder. É a cultura do controle absoluto. É a cultura da venda de favores. Estamos tão acostumados com essa cultura que criticamos os políticos e nunca criticamos o sistema político. A verdade é que ninguém pensa em mudar o sistema.
Mas o que, exatamente, está errado?
O problema é que estamos tão distantes do poder, que ele não nos interessa mais. Deveria haver uma reforma política que aproximasse o cidadão comum do poder, da decisão. Exemplos:
- Você conhece os representantes de seu bairro na assembléia?
- O seu bairro tem representantes na assembléia? (voto distrital)
- Você conhece ou decide quem vai ser o delegado do seu bairro?
- Você conhece ou pode decidir quem vai ser o Juiz de direto de sua cidade?
- Se você quisesse se candidatar nas próximas eleições, você acha que teria acesso dentro de um dos partidos existentes?
- Quais são as chances que você teria se quisesse criar um partido? Você acha que teria sucesso com a legislação atual?
- Mesmo que você conseguisse ser um pré-candidato dentro de um partido, Quais seriam as chances entre você e um grande empresário?
- Por que você não vota sobre o valor do salário dos políticos?

Ao responder as perguntas acima é que você percebe o quanto está distante do poder, tão distante que quando chega o tempo das eleições, os partidos lhe dão um cardápio pronto, e você só tem direito de escolher entre o ruim, o péssimo e o pior ainda. Todos eles já comprometidos com o poder econômico, que é quem realmente manda neste mundo.
Não fique preocupado por não ter parado para pensar nisso antes. É que temos uma mídia muito eficiente, que nos lava o cérebro constantemente.
Para mudar o sistema político é preciso mexer na constituição. No entanto a nossa constituição é de 1988 e até hoje existem leis complementares que não foram votadas.
Será que teremos de esperar o nosso sistema financeiro e o nosso sistema político se desfazerem para podermos modificar alguma coisa?

Precisamos procurar por soluções!

Nossa civilização usa meias-verdades, usa dois pesos e duas medidas. Vou dar um exemplo:
Em um programa de entrevista, um repórter perguntou a um famoso líder do movimento dos sem-terra o porquê deles terem invadido as obras de uma usina de energia. O líder respondeu que a usina não fez um programa de assentamento para a população que vivia onde o lago da usina iria inundar. O repórter dizia que eles não tinham o direito de invadir as obras de uma empresa privada, ou seja, uma propriedade privada. Mas eu pergunto: E as propriedades dos moradores, as casas que seriam inundadas sem programa de assentamento? Todos perderiam suas propriedades. Porque a propriedade de uma empresa tem mais direitos que várias propriedades de pessoas? Porque essa população não teria o direito de defender as suas casas? Esta é a nossa mídia! Este é o nosso país!

Mas e as soluções?
Realmente não consigo pensar em soluções sem, automaticamente, pensar em socialismo (palavra proibida). Mas usar a palavra socialismo hoje em dia é arriscado, você pode ser acusado de ser retrógrado, de usar idéias ultrapassadas, etc. No entanto vários países da Europa usam uma combinação de socialismo com capitalismo. No entanto, várias medidas que os países mais ricos do mundo usaram para abrandar a crise de outubro de 2008, foram medidas que países socialistas tomariam.
Ao contrário do comunismo da antiga URSS que produziu um socialismo centralizado que buscava controlar tudo por meio de um partido único. Eu acredito em um socialismo descentralizado, em um poder local mais forte, com cooperativas, organizações sociais e também com empresas, além de uma política multipartidária.
Em uma nova era é preciso buscar a fraternidade, o crescimento espiritual, o crescimento científico e a cultura. A economia e a política devem estar lado a lado com estes princípios.

Um comentário:

Unknown disse...

Meu caro Walder Antonio, sinto honra em te encontrar, meu nome é Abraão Paiva, por alguns anos venho estudando assuntos relacionados à evolução do nosso sistema social com foco em suas diretrizes principais, ou seja, a economia e a política. Acabei por desenvolver uma teoria que abarca as principais situações do seu texto sobre empresas, propriedade e democracia, visualizando sempre situações de uma Nova Era para esses fatores da vida humana. Concluí tecnicamente um livro que doutrinariamente intitulo de Sistema Social da Era da Terra, o segundo passo para a conclusão definitiva do estudo será a apresentação explicativa do conteúdo prático, isto é, a adaptação inteligivel ao nosso senso comum, desta feita, a teoria/ideia está concluida mas ainda técnica demais para ser publicada, contudo, gostaria de sua contribuição, e porque não sua avalição e sugestão, acreditando, após ler seus comentarios sobre o assunto, ser você uma pessoa capaz de compreender a filosofia desse estudo bem como sua ideologia, caso queira, envie o seu e-mail para que eu possa enviar o livro, o meu e-mail é abraaopaiva3@gemail.com

Desde já obrigado pela atenção.

Abraão Paiva