Translate

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sistema Econômico e a Nova Era

Sistema Econômico e a Nova Era
Por Walder Antonio Teixeira


Ver Mais Além

Parece que a mídia e os mecanismos de controle de nossa civilização nos tiraram a capacidade de enxergar as coisas como elas realmente são. Teríamos que sair dela, da civilização, e talvez tenhamos que ir a outro planeta para poder observar a terra e ver a verdade. Vou dar um exemplo: Abro a folha de um jornal e vejo a seguinte notícia:
“Governador vai baixar os impostos e atrair novas empresas para o estado. Elas gerarão muitos novos empregos”.
A manchete soa como algo notável. As palavras “baixar impostos” agradam nossos ouvidos. A palavra “emprego” nos dá um tom de dignidade a frase. Para ler a verdade precisamos passar a frase anterior por um tradutor. Alguém ou algo que possa interpretar e que esteja além de nossa época ou além de nossa dimensão. No entanto, acho mais fácil educar a nossa mente para entender e traduzir o que se passa, pois nossa mente pode ir além do tempo e do espaço.
Traduzindo a frase ficaria assim:
“Governador vai baixar os impostos, mas apenas para as empresas. Isso somado a uma massa desempregada que ficará contente com um salário de fome que mal dá para sobreviver (escravos), atrairá as empresas de fora para o nosso estado. Vindo aqui nestas condições elas terão lucros maiores. Em troca o governador quer o apoio delas (empresas) para se reeleger no próximo pleito”.
Essa nossa falta de entendimento não existe à toa, ela foi criada pela mídia, pelo sistema educacional e pelo sistema econômico. É preciso tirar os óculos de cego que nos puseram, para podemos enxergar um pouco mais além.
Coloquei esta introdução, para dar um choque inicial, e nos prepararmos para mexer nas feridas da civilização. Onde ninguém tem coragem de mexer ou falar, ou sequer discordar. Os espiritualistas dizem que não se envolvem com coisas materiais falam da nova era, mas nunca tratam de como ela vai funcionar economicamente. Todos em nossa sociedade criticam a todos, querem que a corrupção acabe, querem mudar muitas coisas, mas quando se tratam das feridas, todos, sem exceção se calam.

Que feridas são essas?

Elas são três e são a verdadeira fonte dos problemas e também o caminho para as soluções:

1 - O conceito de empresa.
2 - O conceito de propriedade.
3 - O conceito de democracia.



O Conceito de Empresa

O conceito de empresa, como nós o conhecemos hoje, teve início na idade média. Não vou trazer detalhes ou fazer pesquisas sobre o assunto, pois este não é meu objetivo. Mas junto com o surgimento das cidades (burgos), apareceram dois tipos de atividades: o comércio que deu primeira imagem do que viria a ser a empresa de hoje e as atividades profissionais, que deram origem as corporações de ofício. As corporações de oficio poderiam ter evoluído para a forma de interação que encontramos nas cooperativas de hoje, mas não foi o que prevaleceu.
A forma apresentada pelo comércio foi a vencedora na competição de como viria a ser a nova estrutura econômica do mundo ocidental. O comércio cresceu até formar as grandes companhias na época do mercantilismo de das grandes navegações.
O fato de o cooperativismo não ter emergido como forma triunfante de organização econômica, se deve em minha opinião, a própria estrutura do feudalismo e depois do absolutismo. No cooperativismo todos são iguais e tem participações iguais, já na estrutura empresarial a participação depende do capital ou cotas de cada um. Embora as sociedades anônimas exijam certa democracia em relação às cotas, a companhia limitada é o próprio feudo.
Isso mesmo! A empresa é o feudo evoluído. É a manifestação do desejo do burguês que não nasceu nobre em ter o seu próprio reino.

“Eu também quero ser rei”

A empresa herdou várias características do feudo:

- Passa de pai para filho;
- o órgão financiador é seu suserano e o empresário se torna seu vassalo;
- o patrão é o senhor de seus empregados, pode mandá-los embora, pode dar aumentos, etc.;
- os empregados têm alguns direitos, assim como os servos também tinham;
- assim como o patrão, o senhor feudal também ficava com os lucros deixando para os servos apenas o suficiente para viver;
- as guerras contra outros feudos podem ser comparadas com as brigas de empresas concorrentes;
- a marca da empresa é a bandeira ou escudo do senhor.

Poderíamos colocar várias páginas comparando uma coisa com a outra, mas o importante é saber que o empreendedor de hoje é movido por um desejo:
“Quero deixar de ser escravo! Quero deixar de ser servo! Quero uma vida mais digna”.

É um desejo autentico, é um desejo legítimo, mas não é o caminho da Nova Era. Deixar a senzala para se tornar dono de escravos, ou investir na carreira para se tornar feitor (executivo), não é o caminho para um mundo novo, para um mundo melhor. Alguns dizem que só trabalham com as ações e não interferem nas decisões internas das empresas, mas muitas dessas ações carregam o karma do trabalho semi-escravo em outros países, o karma da poluição, o karma da destruição das florestas, etc.

Qual seria, então, o caminho para um empreendedor antenado na Nova Era?
Em uma era de fraternidade, de preocupação com o meio ambiente e de amor ao próximo, não haverá espaço para a exploração, a cobiça ou o armazenamento de riquezas que é um fruto do medo do futuro. A melhor maneira de se organizar a produção, o comercio e os serviços, será o cooperativismo, mas um cooperativismo diferente. Um cooperativismo onde todos têm participação por igual, tanto nas decisões de assembléia quanto na divisão dos ganhos, do faxineiro ao executivo. Se isto já existe, eu não sei. Se isto vai funcionar, eu não sei. Mas a cooperativa até o momento é a melhor opção para o conceito de empresa.
Empresa, como nós a conhecemos agora, será coisa do passado. E isto não significa que ela deva deixar de existir. A nível de comércio exterior entre países a empresa pode ser uma boa solução, mas o seu capital não será propriedade de pessoas ou de grupos. Suas ações pertencerão a federações e confederações de cooperativas, e seu lucro será usado para criar benefícios para a sociedade e para as cooperativas.
Por que cooperativas e não ONGs ou Fundações?
O conceito de ONG e de Associações está sendo totalmente desvirtuado. Empreendedores inescrupulosos usam essas associações sem fins lucrativos para não pagar imposto, receber doações, ter facilidades em fazer negócios com o governo. O lucro que não é permitido por lei, é transferido através de comissões e altos salários nos contratos dos projetos para pessoas devidamente escolhidas. Através do estatuto da entidade eles criam artigos que dão direito de voto apenas aos sócios fundadores e os sócios beneméritos. Assim, uma associação funciona como uma empresa privada cuja diretoria sempre será a mesma ou será nomeada sempre pelo mesmo grupo. Eles ainda são capazes de aceitar doação de pessoas bem intencionadas, mas mal informadas. Esses criminosos são piores que os empresários, porque os empresários pelo menos fazem um jogo aberto.
Existem muitas entidades sérias, ONGs, fundações, associações, etc. O governo é que deveria ter formas de controlar, criando normas sobre os estatutos e vigiando o funcionamento de sua democracia interna.
Mexer no conceito de empresa e em quem controla o capital é algo muito difícil, pois, a guerra fria ocorreu justamente por isso. A terceira guerra mundial, a guerra fria entre o Ocidente e a União Soviética, que começou antes do termino da primeira guerra mundial em 1917 e terminou com a queda do muro de Berlim em 1989 com a vitória do Ocidente, ocorreu simplesmente por causa disso. Foi o conflito entre duas formas de organizar a economia, uma comandada pelo estado e a outra comandada pelas corporações multinacionais (empresas) tendo como escudo os EUA.
Podíamos discutir muitas outras coisas, como: Por que as empresas multinacionais não pagam impostos a ONU quando exploram os recursos naturais em águas internacionais? Por que o neoliberalismo quer um estado mínimo? No entanto, quero falar mais de Nova Era. Em uma era de fraternidade, eu visualizo uma estrutura econômica formada por cooperativas, empresas cujo capital pertence às cooperativas e associações, e empresas estatais para fornecer os serviços públicos essenciais. Isto tudo é claro, até que apareça uma idéia melhor ou um conceito melhor.